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Você deveria ao menos conceber que, qualquer que seja a luta que se trave na esfera da língua portuguesa, pareça imperativo, para quem aceite a justa cultural, dimensioná-la contando com o arsenal existente na obra Pessoa (a falta do conectivo é proposital nos seus ouvidos). Alguns dirão, assim como você, que a batalha é mera fábula de quem aqui fala; outros lembrarão, incluindo você, alguma coisa daquilo que era uma tarefa e que se foi ao longo das datas. A importância de aceitar haver uma pugna a ser travada, devo dizer, não é em favor meramente de uma obra que nunca existiu por completo, tampouco de um autor que só foi sendo muitos, logo ninguém, mas da forma de luta da arte que os escritos "pessoas" exercitam em língua portuguesa.
"Em Busca do Tempo Perdido", a obra monumental de Marcel Proust, é descrita como uma experiência literária que transcende a simples leitura, exigindo do leitor uma dedicação intensa e prolongada. Frequentemente citada, mas raramente lida em sua totalidade, a obra é cercada de lendas que ofuscam a experiência real de sua leitura. Em 2021, Marcus Alexandre Motta propôs a formação de um grupo de leitura para explorar e discutir a obra, reunindo alunos novos e antigos em encontros semanais on-line. Esse grupo, livre das pressões acadêmicas, dedicou-se à leitura meticulosa e à reflexão crítica da obra. Além da leitura, o grupo produziu fragmentos chamados "cacos", que buscaram dialogar com Proust e entre si, culminando em uma coleção que reflete a natureza complexa e múltipla da obra original. As contribuições também incluíram composições visuais, enriquecendo a interpretação coletiva dos trabalhos. O resultado é um livro que, assim como "Em Busca do Tempo Perdido", é um mosaico de experiências temporais e reflexões que convida o leitor a uma imersão profunda e paciente no universo proustiano.
"Um trabalho de arte abriga uma posição. Em qualquer um há algo de astromancia. Apoia-se numa eletiva afinidade que se deixa borrada quando desponta. E, como o nascimento solicita a 'carta', a partir da forma absolutamente anterior que se dá entre alguma coisa e outra coisa a ocorrer ao além, em certeiro momento de certa conjugação, um trabalho de arte se transveste assim de algo que oferece os rastros ástreos, da última e da primeira aparição, nos quais se perde de vista o caso, no outro do céu também" – escreve após um gole de café, cruzando, infelizmente, as pernas, impetrando, de imediato, o arranjo da posição
Notas de urgência da sóbria tristeza (obra sem título e autor) nos leva em uma viagem sinuosa onde as ideias de morte e de perda não são apenas conclusões, mas elementos integrantes do processo narrativo. Nesse sentido, a obra se desenrola pela perspectiva de vozes anônimas, cujos encontros e contemplações expõem a batalha contínua entre o transitório e o eterno. Cada microcapítulo nos obriga a explorar os abismos da experiência humana, confrontando a natureza inescapável da mortalidade com um sentido poético de sobriedade e uma tristeza que, paradoxalmente, ilumina a natureza da vida.
Gira entorno. Diz a voz. Toda imensidão é minudência arranjada no tom menor das letras. Ressurreição, renascimento, retorno e mesmo descoberta; o contar levanta o desesperado no que se fez de destinado. Se há o que deixou de ser, há de contar. Atira. Nas voltas do contar, a vida se refaz muitas vezes. Aviva-se, e o que se pode com a vida é fazê-la desandar. Retroage tudo no iniciar. Dá voltas e não encontra lugar. Divulga-se. Volve. A verdade do conto são as horas inteiras em muitas meias voltas. Testemunha quem fala o falar. Nunca mais do que isso. Testemunha: o que um dia foi vivido não esvanece de modo findo. Sem contas. O que se calcula progride dilata-se, formando volumes, mas não aritméticas. Corre em volta. Amplia-se.
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Publicado em onze exemplares no periódico "A Estação" (1881), "O Alienista" é uma obra central no cânone literário de Machado de Assis (1839-1908), sendo um clássico da literatura brasileira. A narrativa acompanha o médico Simão Bacamarte, que decide se dedicar ao estudo da mente humana na pequena cidade de Itaguaí, fundando o hospício Casa Verde. Bacamarte começa a internar os habitantes mentalmente perturbados, mas sua definição de insanidade se amplia ao longo da trama, levantando questões profundas sobre a normalidade e a razão humana. Com uma visão crítica e irônica, a obra questiona os limites da ciência e da loucura, permanecendo surpreendentemente atual.
Este terceiro volume da série Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan, em nova edição revista e ampliada, apresenta os mais importantes conceitos clínicos da teoria psicanalítica — como transferência, resistência, repetição e elaboração —, além de introduzir a noção de deliberação na sua relação com o fim da análise. Freud adiou a escrita de seus célebres artigos sobre técnica por alguns anos, durante os quais a experiência clínica lhe permitiu construir o método psicanalítico e conceber a finalidade da psicanálise. Neste A prática analítica, Marco Antonio Coutinho Jorge enfatiza o "ciclo da técnica" (1912-5), em suas dimensões teóricas e políticas, e...