You may have to Search all our reviewed books and magazines, click the sign up button below to create a free account.
A dedução transcendental da Crítica da Razão Pura é considerada, se não o cerne do sistema kantiano, pelo menos aquilo em que este se fundamenta. Ele publica, dela, duas versões. O procedimento kantiano da Dedução A, se comparado ao da Dedução B, pode ser considerado mais ensaístico e menos claro, por não ser tão enxuto e direto quanto o da Dedução B. É dessa duplicidade de caminhos para tratar da Dedução que parte o trabalho de Rômulo Martins Pereira. O texto de Rômulo nos faz ver que a questão da Dedução acaba nos levando a pensar em questões bem mais amplas que, a princípio, ela deixa transparecer. Por não deixar de lado questões decorrentes de sua proposta inicial, mas por encará-las com todo cuidado, podemos dizer que o livro de Rômulo, além de tratar com clareza e elegância dos pontos fundamentais da Dedução A e daquilo que deles decorre, trata, por isso, de temas que são os mais fundamentais para o estabelecimento da filosofia crítica de Kant. (Vera Bueno - PUC-Rio)
Ceticismos Modernos mostra que temos na Modernidade não um "ceticismo moderno", herdeiro e sucessor do antigo, mas vários desdobramentos desse pensamento e que essa retomada levou não só a uma reformulação e reinterpretação do ceticismo antigo, mas deu origem a novas formas de pensar e de refletir sobre as mudanças radicais ocorridas nesse contexto como a Reforma Protestante e a Revolução Científica. Essa discussão cética perpassa todo o pensamento moderno, da Filosofia à Ciência, da Teologia à Política e ao Direito. A formação do pensamento moderno, não só filosófico, tem, portanto, no ceticismo, ou melhor, nos "ceticismos", sua principal chave interpretativa.
Em "Os médicos da pessoa", Octavio Bonet lança um olhar antropológico sobre o surgimento da medicina de família, "uma outra medicina" que desponta nos anos 1960. Comparando a criação e o exercício dessa medicina "mais generalista" no Brasil e na Argentina, o autor examina o pano de fundo histórico e ideológico por detrás desse ramo da medicina, que se nutre com as insatisfações com a tecnologização corrente das práticas biomédicas e que dialoga intimamente com a ideia de uma medicina mais humana e voltada para o social. As dificuldades da prática da medicina de família no cotidiano são abordadas a fundo, numa obra que une o trabalho de campo – incluindo relatos de consultas e depoimentos de médicos – a um olhar histórico e sociológico amplo sobre as condições da saúde e da doença nas sociedades atuais. Buscando compreender os motivos para a escolha desta especialidade médica, e examinando os obstáculos e os (pre)conceitos ligados ao seu exercício, a obra que revela a importância do médico da pessoa nos sistemas de saúde e na sociedade em geral.
"De todas as únicas maneiras", como todas as histórias de amor, continua atual mesmo 20 anos depois de escrito. Composto de textos breves, que se entretecem numa espécie de romance em fragmentos, o livro mistura ritmos e sons em cenas quase poéticas, marcadas pela ausência ou pela busca de uma personagem misteriosa – ou seriam várias? – cujo nome se resume a "ela". Em tempos de amores líquidos e mensagens instantâneas, com um mundo virtual de diversões ao alcance dos dedos, nada mais oportuno para as novas (e antigas) gerações do que (re)descobrir em todas as suas únicas maneiras – a cada nova atualidade. Se os tempos são outros, agora muito mais velozes ou efêmeros, os sentimentos são ainda os mesmos. E ainda cabem nas palavras, talvez mais do que em mil imagens, como fica claro nestas histórias (ou neste mosaico que forma sempre a mesma história). Os cortes e a montagem, como num filme, ou o arranjo, como numa canção, dão o tom de uma obra original, que transita entre os diversos gêneros para falar de um romance.
Mais que uma mera história de detetive – ou pelo menos uma das mais originais. As pistas (às vezes falsas) vão sendo deixadas pelo caminho, ampliando as possibilidades de leitura. Mas este não é um livro comum de mistério – a trama revela uma série de costuras, dobras e compartimentos secretos, habilmente tecidos em tintas e cores inesperadas. Por mais que as máquinas infalíveis de pesquisar e descobrir tudo estejam presentes e sejam esmiuçadas em suas improváveis engrenagens, por mais explícitas que sejam as ligações entre as personagens (a mãe doente, o pai já falecido, as amantes singulares ou plurais, o detetive), por mais revelações surpreendentes, artefatos e dispositivos que possam ou não ser inventados, o que está em jogo aqui em primeiro lugar é o sabor da linguagem: a mistura de ritmos, sons, enredos e gêneros, a dosagem de cada ingrediente na medida exata para aguçar o paladar do leitor – enquanto se desvenda a fórmula mágica, o teorema incompleto que possa decifrar a palavra-chave que dê nome a esta misteriosa invenção.
Quando tinha apenas cinco anos, Mario Lucachesi viu o pai embarcar em mais uma de suas viagens misteriosas, mas desta vez não mais para trazer os tão ansiados chocolates belgas – para nunca mais voltar. A foto da lápide e as lágrimas da mãe atestavam a morte do patriarca, mas Mario nunca se convenceu. O menino cresce e se torna estudante de história, guia turístico premium, filho modelo e um legítimo membro do Clube dos Mentirosos; e como tal, mestre na arte de vender ilusões, criando histórias tão sofisticadamente ilusórias que soam mais verossímeis que a pobre realidade, tão nua e crua. Mentir é diferente de inventar uma verdade – diz um personagem – o rei sempre está...
O cenário pode ser o Rio de Janeiro ou Berlim. A arte, o amor, os livros, os encontros e desencontros da alma e da vida – passeando entre esses temas, os contos de "Litoral" envolvem o leitor numa escrita fluente, sedutora e personalíssima, confirmando o talento de Pedro Süssekind neste segundo livro do autor.
Sob uma chuva imóvel, farejando as mais diversas pistas com nariz sutil, o narrador deste insólito romance segue rumo a uma Bulgária inventada ou imaginária (ou literária), lugar incomum montado a partir de colagens, nomes e palavras de teor e sonoridades ímpares, num diálogo que parte das invenções e do humor do também ímpar escritor Campos de Carvalho para chegar - renovado e revivido - ao leitor mais que contemporâneo. Diante de tão supremo desafio, Augusto Guimaraens Cavalcanti revela uma rara habilidade para desbravar essas geografias distantes, para sondar o insondável e para desvelar (com a ajuda de renomados "bulgarólogos" e "bulgarósofos") uma cartografia muito própria, recheada de diversas referências linguísticas, poéticas ou futebolísticas, capaz de conduzir o leitor saborosamente por entre estas paisagens inesperadas - como só um ficcionista da mais alta estirpe é capaz de fazer.
People have relied on medicinal products derived from natural sources for millennia, and animals have long been an important part of that repertoire; nearly all cultures, from ancient times to the present, have used animals as a source of medicine. Ingredients derived from wild animals are not only widely used in traditional remedies, but are also increasingly valued as raw materials in the preparation of modern medicines. Regrettably, the unsustainable use of plants and animals in traditional medicine is recognized as a threat to wildlife conservation, as a result of which discussions concerning the links between traditional medicine and biodiversity are becoming increasingly imperative, particularly in view of the fact that folk medicine is the primary source of health care for 80% of the world’s population. This book discusses the role of animals in traditional folk medicine and its meaning for wildlife conservation. We hope to further stimulate further discussions about the use of biodiversity and its implications for wildlife conservation strategies.