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Com uma narrativa fragmentada e não linear, este livro é o percurso de uma mãe solo e sua gravidez não planejada com quatro possibilidades de paternidade. Se o corpo materno não pertence mais ao tempo, como a narradora afirma, situa-se na encruzilhada: nascer e morrer; gozar e não gozar; ter ou não a possibilidade de recusar um filho. Mãe ou Eu também não gozei transita entre a poesia e a prosa poética, entre o fluxo de consciência e os diálogos, revelando a espera de uma criança por uma mãe solo. "Uma mulher (ou todas as mulheres) grávida da multidão". Atriz, performer e escritora, Letícia Bassit estreia na literatura com este livro, reeditado pela Claraboia. É um relato pungente e político – e, ao mesmo tempo, vulnerável e revolucionário – de uma mulher que gesta e pare sem romantismos e idealizações.
"Muitos dos temas aqui tratados são de profunda relevância e merecem muitas oportunidades para que sejam objetos de reflexão e diálogo. Vera Saad, excelente escritora, nos presenteia com uma protagonista que desperta nosso afeto e nos emociona. Um presente para quem lê e uma habilidade inquestionável de quem escreve." (Jarid Arraes) Na sua história recente, desde a redemocratização, o Brasil passou por muitas transformações e crises, principalmente econômicas. Talvez, uma das mais marcantes tenha sido aquela do início do governo Collor, quando o autointitulado caçador de marajás confiscou as contas de todos os brasileiros. As famílias foram impactadas em diversos níveis, mui...
Amizade sempre foi algo muito importante para mim. Na verdade, graças às minhas amigas, eu permaneço aqui, viva. Foram elas que desde sempre seguraram a minha mão. São elas que não permitem que eu sucumba diante dessa sociedade chamada patrirracialcapacitalista por Marcia Tiburi (2024). Em um texto que mescla relatos pessoais e considerações históricas importantes, Ingrid Gerolimich defende a ideia de que a amizade entre mulheres é "aquela que nos revela que o amor é muito mais do que este que sempre foi vendido para nós como o único caminho possível para a felicidade". Para revolucionar o amor: A crise do amor romântico e o poder da amizade entre mulheres é livro para presen...
Em Açougueira, a narradora conta seu testemunho de vida e o oferece perante um júri. Essa mulher quieta e observadora espia a vida por uma fresta e vive a vida por uma fresta. "Ir contra Deus, desse jeito, é demais, é ir contra a natureza do homem. Mulher não age assim." Dizem a ela, e contra deus e tudo, ela segue, abrindo passagens. Neste romance, Marina Monteiro trabalha linguagem e forma de um modo admirável e faz emergir uma história inquietante e polifônica. Natalia Borges Polesso
Quantas lembranças atravessam um corpo enlutado? O que fazer com o desejo de nossos mortos? Em sua estreia, Tatiana Lazzarotto nos apresenta, em prosa poética, o desenrolar de uma notícia de morte. É também uma história sobre um pai, uma filha e uma árvore. Um deles está morto. Os outros dois terão de sobreviver. Narrado em primeira pessoa, o romance apresenta a história uma mulher que perde o pai de forma repentina. Ela retorna a Província – cidade fictícia –, para atender aos desejos deixados por ele: recuperar a casa da família e garantir que a velha árvore do quintal, já condenada, não seja derrubada. Ao mesclar a experiência do luto com as próprias memórias (o pai...
Um corpo como uma casa assombrada, um corpo que treme, que sente um filete de zinco na garganta. Um poema como um corpo que perde as palavras, do qual as palavras caem verticais, abrindo fissuras no papel. Y é um livro no qual corpo e poema se misturam, se contaminam, roubam imagens um do outro. É assim, instaurando pontes entre territórios muito diversos – desertos, mangues, à beira de uma cama –, que este livro estende sua mão, um verso, em nossa direção.
"... o coração de uma mulher não é um amontoado de farinha e manteiga que pode ser sovado pelo ego de um cara até ficar comestível." Sentada em uma rodoviária e prestes a deixar para trás toda a vida que conhece até então, Pérola, uma advogada bem-sucedida, nos convida, por meio de seu fluxo de consciência, a questionar toda a construção de quem ela era antes de chegar ali. Consumida pelos próprios pensamentos depois de ganhar um livro erótico como presente inesperado, a personagem passa a contestar a autenticidade de seu noivado, da instituição do casamento, dos próprios desejos, de sua libido e de sua sexualidade. As reflexões da personagem sobre o trabalho, as relações familiares, a vida e tudo o que gira ao redor dela nos arrebatam porque podem, facilmente, ser um espelho da nossa realidade. Afinal, o quanto o desejo de uma mulher é verdadeiramente dela e o quanto é resquício de um roteiro pré-escrito pela sociedade?
"Pedra antiga da tristeza" reúne histórias de gentes que se cruzam para compor esse romance contemporâneo. O ponto de encontro das vozes marginais é o Clube de Danças, um Salão por onde bailam a dançarina, a cozinheira, o sexo que se vende, o mistério, os homens que machucam, o tempo que não espera, e, sobretudo, as dores incuráveis com as quais se aprende a viver. Ana Paula Moreira expõe as mazelas dos abandonos da vida nas frestas de uma narrativa construída para desafiar o leitor, tanto em conteúdo quanto em forma. Seus códigos de linguagem são como segredos contados ao pé do ouvido: envolventes como Das Dores, a personagem que é o próprio Salão, para onde convergem e de onde se expandem os outros personagens que orbitam Sasha Vânia.
O livro "Elena Ferrante, uma longa experiência de ausência" acompanha os caminhos da misteriosa escritora italiana, desde a escolha do pseudônimo até a publicação de seu último romance. Ferrante é autora de algumas das obras mais lidas e comentadas dos últimos trinta anos. Com cerca de 12 milhões de exemplares vendidos, foi traduzida para mais de 50 países e se tornou um fenômeno mundial. Mais do que o mistério em torno da figura da autora, o que tem intrigado leitoras e leitores de todo o mundo são os mistérios propostos por sua obra, que Fabiane Secches, pesquisadora e crítica literária, busca esmiuçar nesse livro pioneiro sobre a autora no Brasil. A obra mais célebre de...
Misto de romance com crônicas de viagem, a obra de estreia da atriz Nicole Cordery, com ilustrações de Rita Carelli, traz a história de uma mulher que, inesperadamente, recebe um embrulho com nove cadernos que haviam pertencido à sua prima. Dentro deles, o relato intenso e envolvente de dezenas de viagens, que a prima queria publicar para incentivar outras mulheres a fazer como ela e se lançar pelo mundo. O projeto, no entanto, esbarra em um acontecimento trágico: a morte precoce da prima por Covid-19 – o vírus que mudaria radicalmente a forma como as pessoas viajam.