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Os ensaios reunidos neste livro articulam uma diversidade de abordagens sobre a representação do corpo humano em múltiplos contextos históricos. O resultado da coleção é um convite explícito à revisão do vínculo pessoal e social com nossos corpos. Emergem da obra temas centrais como as relações de gênero, o controle social da sexualidade, o racismo, o papel da medicina moderna na reconstrução de nossa ligação com o corpo e outros assuntos tratados por um viés de profícuo cruzamento de saberes, disciplinas e pontos de vista. O olhar historiográfico dos autores, bem como as perspectivas atentas às mudanças ocorridas ao longo da história no retrato de nós mesmos, revela um corpo dissecado muito distinto daquele do início da ciência moderna, objetivo, sem sujeito, destinado apenas ao estudo de anatomia.
Da euforia à disforia, do contentamento ao impasse, do impasse à tragédia ou à melancolia paralisante: é do fulcro do mal-estar — a feliz definição sob a qual se reúnem os afetos desprazerosos — que Pedro Furtado mobiliza as questões literárias, culturais e políticas que norteiam a estruturação de um espírito do tempo desencantado nas nossas letras, prenunciando a noção de subdesenvolvimento brasileiro. Para além de mostrar a formação da tristeza e das balizas teóricas arregimentadas para estudá-la (emanadas da filosofia e sobretudo da psicanálise freudiana), o eixo central de Literatura brasileira e mal-estar é a análise interpretativa profunda, e rara atualmente...
Com A beleza do marido, Anne Carson se tornou a primeira mulher a receber o prestigiado prêmio T. S. Eliot. A beleza do marido é um ensaio sobre a ideia do poeta John Keats de que beleza é verdade, e também a história de um casamento contada em vinte e nove tangos. Um tango – assim como um casamento – é algo que você precisa dançar até o fim. Anne Carson, poeta e ensaísta premiada, além de uma das mais inventivas autoras da atualidade, faz desta obra um fascinante exercício de linguagem em que acompanhamos, a partir de cenas eróticas, comoventes, dolorosas e cômicas, um casamento que desmorona. Somente Carson, grande especialista da literatura grega clássica, e que tem atualizado a leitura das obras do período, poderia criar um livro em que o mais antigo dos temas líricos, o amor, ganhasse uma abordagem tão inovadora e contundente.
O volume reúne duas obras de George Berkeley, "Alciphron, ou o filósofo minucioso" e "Siris". "Alciphron" é estruturado como um diálogo filosófico entre quatro personagens, no qual Berkeley combate os argumentos dos chamados "livres-pensadores" (como Mandesville ou Shaftesbury), fazendo uma apologia do Cristianismo. Já "Siris" é tanto um tratado sobre as virtudes medicinais da água de alcatrão quanto uma visão do filósofo das cadeias do ser, explorando a gradual ascensão que vai do mundo dos sentidos e da mente, até chegar ao sobrenatural e a Deus, a essência trina.
Esta obra busca desafiar a abordagem da temática da morte a partir de estudos de caso e de discussões teóricas, que possibilitam ultrapassar o mal-estar em relação ao tema para reencontrá-lo como um objeto privilegiado, a partir do qual é possível compreender nossa própria sociedade. A abordagem da morte em diferentes culturas, temporalidades e espacialidades ajuda a problematizar o objeto de estudo demonstrando sua variedade semântica e desafiando o leitor a reelaborar seus próprios conceitos (e temores) sobre o tema. Sabemos, pois, que a morte das pessoas nos recorda a finitude e a fragilidade do presente. Mas também pode constituir-se na celebração do devir humano, do viver a partir da ação que se inicia no instante que se passou e se projeta para o futuro. O presente, assim, carrega consigo seus mortos para se projetar, enquanto possibilidade, no mundo do que ainda não foi trazido à existência.
Não é a primeira vez que Pedro Paulo Funari e Flávia Marquetti juntam-se para pensar passado e presente a partir de diferentes abordagens sobre o corpo. Aqui, os autores e as autoras que colaboraram com as edições anteriores apresentam discussões transdisciplinares e em diferentes temporalidades, buscando explorar as diversas formas de relação com o corpo e o desejo pelo viés da imagem ou das palavras. Esse trabalho com várias formas de linguagem para buscar ângulos pouco explorados para o estudo do devir e da vida gerou abordagens polissêmicas sobre a pele, a beleza, a estética e os corpos, e permitiu perceber as experiências humanas, suas dores e suas alegrias a partir de est...
Os pesquisadores Ana Teresa Venancio e Allister Dias se cercaram de um grupo seleto e muito rico de especialistas para levar a cabo um de esses trabalhos específicos e concretos. Esta história do Hospital Nacional de Alienados (anteriormente Hospício de Pedro II), assim como trabalhos prévios de alguns dos autores participantes, situa-se em uma linha de investigação com repercussão internacional. Como os próprios coordenadores do livro indicam, a emblemática instituição brasileira já tem sido objeto de numerosos estudos, mas, neste caso, as contribuições tanto metodológicas como de conteúdo fazem deste livro coletivo um produto novo e original.
Suicídio ainda é tema tabu em nossa sociedade. Porém cada vez mais se percebem a necessidade e a importância de enfrentar o problema e abrem-se oportunidades para debatê-lo, conhecê-lo e buscar desvendar os motivos que levam alguém a cometer tal ato. Esta coletânea vem participar do debate. Organizada por Fernanda Marquetti, estudiosa do assunto há mais de dez anos, e com colaborações de vários especialistas no tema, oriundos de áreas diversas, a obra aborda o suicídio sem recorrer à explicação reducionista médico-sanitária, que o vincula a alguma patologia ou transtorno mental. Ao estudá-lo em sua complexidade natural e não dissociado do mundo no qual é produzido, considerando os aspectos socioculturais a ele vinculados, encontra-se uma infinidade de explicações e ampliam-se as possibilidades de compreendê-lo. Examinando de modo amplo e fundamentado as questões de saúde, sociais, éticas, psicológicas e culturais implicadas no suicídio, o livro enriquece uma discussão premente e necessária.
Há séculos, a beleza distingue e desperta invejas. Ela é objeto de desejo, instrumento de poder e moeda de troca em diferentes sociedades. No último século, o corpo transformou-se em algo tão importante, complexo e sensível quanto outrora fora a alma. Esta obra, que combina trabalho rigoroso e linguagem saborosa, mostra o que se faz para buscar a beleza – e como esse conceito muda com o tempo.Desde o garbo e a elegância nos primeiros anos da República até a atual banalização das cirurgias plásticas, História da beleza no Brasil trata das transformações ligadas aos padrões estéticos e aos cuidados com o corpo, mas também do martírio causado pela feiura e da tumultuada luta para driblar o envelhecimento, a solidão e o fracasso.