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Nosso querido Gabriel de Britto Velho não chegou a ter em mãos seu sexto livro... Em um dos textos, Gabriel declara sua recente felicidade, nunca havia produzido tanto. Seus livros testemunham, não só a qualidade literária do autor, como também sua honestidade intelectual. O homem dócil e ao mesmo tempo furioso comparece em sua escrita. A delicadeza de Gabriel o fez ser quem foi, um grande homem, que não perdoava o que considerava injustiça. Manifestar-se contra os que silenciavam face à tragédia humana foi sua luta. Neste livro estão sua segunda autobiografia, três cartas de amor e alguns aforismos seguidos de seu último texto "O 'Inferno' na Terra".
Rompi com Deus, com o mundo, com a época, com a espécie... Mas gosto de balançar sobre os abismos do futuro, e talvez haja reconciliações... A felicidade está no imediato, a felicidade é o imediato! Mas o imediato se prolonga, se expande, tem formas sucessivas. Mas, em qualquer situação futura, é preciso demarcar com rigor o que é imediato, e só nele apostar, só o imediato exaltar, só ele gozar. Jamais renunciar ao imediato, jamais sacrificá-lo! Rir de quem filosofa contra o "imediatismo"! A espécie humana é tudo, menos um Absoluto! Ela é absolutamente contestável, refutável, aniquilável.
(...) Ela não caminhava depressa desta vez. E vinha maravilhosamente sozinha. Sozinha, infinita! Maravilhosa, era o termo que latejava na cabeça de Cássio. Ele transfigurou, glorificou, viu assim: maravilhosa em tudo. Até os quilos a mais se desvaneceram. Ele a constituiu, a definiu, em um brevíssimo instante: "tu és perfeita, e sobre tua perfeição construirei minha felicidade". Radiante, sobretudo, ela estava! Luminosa! Ela sozinha merecia, correspondia a todo aquele sol que exaltava Veneza.
Como eu preciso dos choques de realidade! Sem eles eu sumiria nos devaneios. Sem eles a fronteira entre o sonho e a vigília seria muito problemática. Minha força é minha fúria! Bendita fúria! Fúria delirante? Mesmo assim bendita... A fúria me faz sair da covardia e da nulidade. Santa fúria!
(...) as regras do Negócio invadiram o mundo do amor, invadiram o país de Eros mais do que tinham feito em qualquer outra época de que se tenha notícia, um tipo de amor, um tipo de relação amorosa, que tem as mesmas regras que configuram a essência do Negócio. Pode-se, pois, dizer, sem qualquer violência semântica, que esse tipo de amor, sob aspectos muito relevantes, se reduz a Negócio, ele é um Negócio! (...) Amar muito é um ato de imensa coragem! A coragem é o mais poderoso combustível na relação entre presente e futuro. A coragem é o presente enérgico, que caminha para o futuro com uma espada na mão.
Os expurgos na UFRGS é um livro marcado pela dor. Aquela, muito peculiar e persistente, que carrega na memória quem sofreu uma grande injustiça. Nesta obra é analisada, sob diferentes aspectos, uma forma de repressão aplicada contra vários professores e professoras pelo sistema de controle social que sustentava a Ditadura Militar (1964-1988). Quarenta docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul foram sumariamente afastados em 1964 e 1969. Pessoas que tiveram, com suas famílias, de lidar com o medo, com a ruptura na carreira profissional e com o desafio de recomeçar a vida em outro país ou, em alguns casos, em um "exílio interior" marcado pela incerteza e insegurança. Ant...
Desdêmona e Marta se amavam há já quase um ano. Poderíamos chamar esse amor de relação absoluta. Relação absoluta é a relação de Romeu e Julieta. É uma relação espantosa, que muda tudo, sacode tudo, transtorna tudo. É uma relação que devora as pessoas que ela vincula! Devora mesmo! Essa relação torna-se, para cada uma das pessoas que ela liga, muito mais importante do que elas mesmas! (...) Eu, que conto esta história, não me contenho e confesso que a relação absoluta é a coisa que mais me agrada, digo mais: é a única coisa que realmente me agrada, me fascina! O problema doloroso é que a relação absoluta supõe duas pessoas, duas!, da mesma fibra, do mesmo naipe, da mesma estirpe. E isso é colossalmente raro.
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