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«A instituição monárquica é complexa, assume significados diferentes em tempos e cabeças diferentes e, como tudo aquilo que passa por um processo histórico alargado, adopta muitas formas. Compulsar a história da ideia monárquica obriga, assim, a trilhar dois caminhos: por um lado, exige perceber como é que se formou a ideia monárquica no pensamento ocidental, e de que modo é que ela também impôs um tipo de sociedade. A monarquia confunde-se, na história do Ocidente, com a articulação entre o poder temporal e o poder espiritual, com a divisão da sociedade entre as três ordens, com a passagem do centro da vida comum, representado nos tempos da Grécia e de Roma pelas cidades, para o campo. Por outro lado, parece-nos igualmente necessário identificar a infiltração dos princípios monárquicos noutras concepções do mundo e noutras ideias políticas. A história da política no Ocidente é também uma constante recuperação de alguns dos princípios monárquicos considerados caducos ou ilegítimos, que os governos recuperam de forma mais ou menos camuflada.»
Muito da imagem associada às livrarias, aos livreiros e aos livros é tão romanesco como o que vai dentro deles. Existem, sim, o lado iniciático, o cenário algo apocalíptico e o papel do livreiro como guardião da cultura e de preciosidades esquecidas. Todavia, apesar desta retórica da resistência, há fenómenos recentes estimulantes, como a venda na internet ou as aldeias de livreiros, e ainda existem livrarias que respiram à vontade. Este é um livro sobre a história e a vida dos livreiros e das livrarias que terá certamente algumas historietas rocambolescas, mas que se guia pelo olhar da normalidade. Fala da diversidade da oferta actual, de bibliófilos, bibliotecas, leilões e livrarias independentes. Fala de esperança, porque enquanto houver livros, haverá muito mais do que leitores.
O estudo dos apelidos é, antes de mais, matéria estreitamente ligada à história das famílias em geral e de cada família em particular. Saber como se formam e transmitem os apelidos, que importância se lhes atribuiu ao longo dos tempos, que esforços se fizeram para conservá-los ou para os manter fora do alcance de famílias estranhas a eles, é uma das primeiras preocupações de todo aquele que estuda a evolução da sociedade sob a perspectiva dos seus componentes elementares.
Do que sabemos sobre Camões, o que é que está realmente provado? A lenda sobre o autor d’ Os Lusíadas é tão vasta que, talvez tão importante quanto escrever a sua biografia, seja escrever a sua não-biografia: repassar as vidas do poeta, as especulações, as hipóteses, para separar o provado do provável e do improvável. Sem esse trabalho, ler Camões pode tornar-se um duplo equívoco. Ou porque olhamos para a sua poesia através de uma vida inexistente, ou porque olhamos para a sua vida a partir de interpretações equívocas da sua poesia. O que este livro procura é, assim, purgar a leitura de Camões de uma chave enigmática que desvende pretensos segredos sobre a sua vida, p...
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Bruno Candé foi a primeira pessoa em Portugal cuja morte resultou numa condenação de crime motivado por ódio racial. O homicida, de 76 anos, matou por preconceito contra a cor de pele. A justiça sentenciou que, a 25 de julho de 2020, Candé, de 39 anos, ator, lisboeta, pai de três filhos, morreu por racismo: uma palavra em que ele não acreditava. Este livro é um retrato de Bruno Candé, da sua vida e do seu legado para a família, para a cidade e para a Zona J (hoje Bairro do Condado), onde nasceu e cresceu e onde levou o teatro até outras crianças e jovens. Candé dizia que, tendo nascido ali, teria «tudo para dar errado». «Mas eu sou o Bruno Candé», repetia logo a seguir. Ele, um homem que via no escuro, para lá dos estigmas da pobreza e da discriminação racial.
Quem lê quer ler. Mas como fazê-lo, sem poder de compra ou a possibilidade de contacto directo com o livro? Em Portugal, 303 Bibliotecas Municipais, integradas numa rede nacional criada em 1987, procuram cumprir o desígnio estatal de promoção da leitura junto de todos, das crianças aos idosos, de forma aberta e inclusiva. Este livro retrata 21 destas bibliotecas, no continente e nas ilhas, reproduz de forma vívida a experiência de observação do seu funcionamento quotidiano e os testemunhos de bibliotecários, técnicos e leitores. São projetos muito diversificados, em constante movimento e crescimento, mas são sobretudo espaços feitos para nós e que existem como extensões de nós. Há quem lhes chame de segundas casas.
Casteleiro, no distrito da Guarda, é uma das freguesias nacionais com maior taxa de analfabetismo. Este livro retrata a vida e o quotidiano de habitantes desta aldeia que não tiveram oportunidade de aprender a ler e a escrever. É o caso de Horácio: sabe como se chama cada uma das letras do alfabeto, até é capaz de as escrever uma a uma, mas, na sua cabeça, elas estão como que desligadas; quando recebe uma carta tem de «ir à Beatriz», funcionária do posto dos correios e juntadora de letras. Na sua ronda, o carteiro Rui nunca se pode esquecer da almofada de tinta, para os que só conseguem «assinar» com o indicador direito. Em Portugal, onde, em 2021, persistiam 3,1% de analfabetos, estas histórias são quase arqueologia social, testemunhos de um mundo prestes a desaparecer.