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O livro “O que é a arte” foi publicado originalmente em 2013, ano de falecimento do filósofo e crítico de arte Arthur Danto. Este livro, o último de sua longa carreira, encerra meio século de investigação filosófica sobre a arte, que começou com seu mais célebre artigo, “O mundo da arte”, publicado em 1964. Com a arte da década de 1960, mais especificamente, com sua epifania diante da Brillo Box de Andy Warhol, Danto compreendeu que a produção artística contemporânea colocava um legítimo problema filosófico: como diferenciar obras de arte de coisas banais? É possível encontrar uma definição para a arte que resista à arte contemporânea? Para Arthur Danto a resposta é positiva. Em sua perspectiva, a arte precisa ser um conceito fechado e definível, visto que ela é, de certa forma, algo universal.
Raízes do Brasil é um livro formador, tanto para a trajetória de seu autor, quanto para se pensar o país. Mas nem só de homem cordial vive um livro. A malha conceitual que sustenta a imaginação de Sérgio Buarque de Holanda é insuspeitadamente rica e diversa. A queda do aventureiro foi o primeiro livro (1999) inteiramente dedicado a entender Raízes do Brasil. Nesta nova edição, o texto original foi revisto, ensaios independentes foram acrescentados, e o resultado é um panorama não só do próprio Sérgio Buarque, mas de muitas das entradas e esquinas que permitem compreendê-lo. “Vinte anos se passaram desde que Pedro Meira Monteiro lançou sua notável interpretação de um t...
A Guanabara Tupinambá e suas aldeias ancestrais, a história do primeiro carioca e dos exploradores, conquistadores e moradores pioneiros, a disputa entre portugueses e franceses, a guerra contra os nativos e as batalhas que marcaram a fundação do Rio de Janeiro. “O Rio antes do Rio é uma tentativa de fazer a história dos vencidos, porque dos vencedores já conhecemos. Foram os portugueses que produziram a maior parte das fontes, são seus próceres que contam a história de uma baía que conheceram apenas como conquistadores. O que antes parecia impossível, hoje já se pode remontar, pelo menos um pouco, esse passado obscuro de um Rio que começou antes da fundação da cidade. Para tanto é preciso revisitar as obras dos franceses que aqui estiveram antes dos lusos, das modernas pesquisas sobre as toponímias do Rio de Janeiro que tanto avançaram nos últimos anos e também por passagens reveladoras de obras jesuíticas”, nas palavras do autor.
Este livro analisa a configuração da noção de trópicos em determinadas produções textuais e visuais brasileiras do final do século XIX e do período de virada entre as décadas de 60 e 70 do século XX, abarcando tanto os discursos oficiais como as contranarrativas produzidas por escritores, artistas e intelectuais das respectivas épocas, tais como Sousândrade, Hélio Oiticica, José Agrippino de Paula e tantos outros. Seja no discurso oficial ou na contraparte artística, o elemento tropical foi posto em circulação para diversos fins, especialmente a serviço da afirmação – às vezes ambígua e oscilante – de certa contribuição brasileira no contexto das nações ocidentais consideradas de maior prestígio cultural, no caso as europeias, e diante do poderio industrial, político e econômico de nações como os Estados Unidos.
Meu país é um corpo que dói resulta de uma escrita em tempos difíceis, mas também testifica a força criativa e renovadora do pensamento e da arte. Diante da convergência de uma crise ambiental, humanitária e política, o fio do debate decolonial permite a costura de obras de artistas que problematizam processos ocidentais de objetificação da vida. O encontro da reflexão analítica com as artes, a literatura e o cinema latino-americanos proposto pelo ensaio torna incontornável reconhecer que a separação entre natureza e cultura está na base da violência infligida a povos e sujeitos cuja humanidade é cotidianamente contestada. No ensaio, a dor, materializada no corpo individual e social, emerge como matéria da escrita e força de insurgência.
A presente investigação tem por objeto a obra poética da argentina Alejandra Pizarnik (1936-1972), que se exilou em Paris durante a década de 1960. A obra poética da autora constitui-se como um campo em expansão dentro da tradução de poesia no Brasil desde a década de 1990 e ganhou mais força com as recentes publicações das traduções de Ellen Lopes (2018) e de Davis Diniz (2018). A leitura de Poesia Completa (2011) permite reflexões sobre o exílio e a alteridade. A experiência do exílio de Pizarnik contribuiu para o seu processo criativo e concepção poética. A situação do inusitado levou a poeta a vivenciar a condição de estrangeira, ou seja, a colocar-se no lugar do...
Este livro reúne, sob o tema das emoções e da persuasão, ensaios que extrapolam uma única área de pesquisa e mostram as conexões, na antiguidade, entre o que hoje se demarcou e se separou em departamentos ou mesmo faculdades distintas, como literatura e filosofia. Se a separação se fez necessária em certo momento histórico, e hoje se impõe devido à crescente especialização, ela não pode ser, ao nos debruçarmos sobre a antiguidade, tomada de modo estanque, sob o risco de, anacronicamente, comprometermos a compreensão de um fenômeno rico e complexo, a saber, a reflexão sobre o poder do lógos, a natureza das palavras e das coisas, bem como a função da atividade discursiva na construção da vida pública no período clássico grego.
“O que pode a literatura? Que horizontes ela é capaz de alcançar? Ou, mais especificamente, o que pode a literatura em um mundo em colapso, assombrado pelo aquecimento global, por pandemias, ascensão da extrema-direita, aumento da miséria, entre outras tragédias? Em suma, em uma realidade na qual tudo parece mais urgente que a literatura?”. Com essas perguntas, a escritora brasileira Carola Saavedra abre o primeiro livro de ensaios de sua já consolidada carreira como romancista. São questionamentos que dão base a todas as reflexões, notas biográficas e esboços ficcionais que compõem estas páginas. Através de uma escrita que incorpora a dinâmica de um “mundo desdobrável...
Relicário reúne contos que mergulham no universo do desejo homoerótico. O livro é, na verdade, uma coletânea de confissões de alcova. Os textos apresentam o universo homoerótico masculino, mas não se restringem a isso: mostram que a libido, no fundo, também é atrair a atenção do outro (do mesmo sexo ou não), ser desejado por ele, compartilhar fantasias, desejos e projetos de vida.
Quando falamos em música falamos em remix e DJ. Quando falamos em audiovisual, falamos em montagem e mash-up. Para a arte contemporânea, o crítico Nicolas Bourriaud forjou o termo “pós-produção”, que aponta a tendência atual de obras que não são criações originais mas reciclagens ou reproposições de obras anteriores ou objetos pré-existentes. Em comum a esses campos e situações, os gestos de apropriação e deslocamento, consagrados pelos ready-mades de Marcel Duchamp e por outros artistas da vanguarda. Entretanto, no ambiente tecnológico contemporâneo, com seus estímulos e ferramentas específicos, a apropriação e o deslocamento adquirem novas facetas. A pergunta da...