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A clínica do autismo segue fertilizando o campo psicanalítico. E este livro é um exemplo disso. Muito além de se manterem circunscritas à especificidade dessa clínica, as questões aqui desdobradas participam do que de mais interessante vem sendo produzido na psicanálise contemporânea. Entre elas, encontramos algumas saborosas formulações, como "simbolização em presença", do francês René Roussillon, e "três tempos da lei materna", do uruguaio Victor Guerra. Merece destaque a preciosa discussão sobre as relações entre objeto subjetivo, objeto tutor, objeto transicional, objeto autístico e objeto fetiche. O aprofundamento dessa reflexão promete ser de grande valor para o porvir da psicanálise.
As intensas mudanças sociais que estão ocorrendo nos colocam diante de inúmeros questionamentos: como lidar com o novo usando ferramentas criadas para outros contextos? Como não tender a ver o novo como patologia e, por outro lado, não deixar de ver a patologia que pode estar no novo? O fato é que a evolução nas liberdades individuais, própria de nossa era, com menos repressões e mais inclusões, está gerando posicionamentos antes banidos da vida social. Na busca individual por felicidade e realização pessoal que nos caracteriza, como sustentar a família no que ela tem de irredutível: a transmissão dos elementos necessários para que dela surja um sujeito? Retomando princípios básicos da psicanálise de casal e família e com muitos exemplos clínicos, este livro procura refletir sobre essas questões.
Os textos deste livro se baseiam num consistente estudo de conceitos como vida operatória, depressão essencial, procedimentos autocalmantes e masoquismo guardião de vida, bem como na vivacidade da clínica da criança e do adulto. O propósito é o de sensibilizar o leitor para o corpo teórico-clínico da psicossomática e os remanejamentos necessários do enquadre psicanalítico no tratamento dos pacientes portadores de transtornos somáticos. De forma mais ampla, os conceitos da Escola de Paris de Psicossomática foram tomados como operadores de inteligibilidade da clínica contemporânea e dos limites do analisável, aportando uma contribuição inestimável à comunidade psicanalítica em geral.
Este excelente livro traz o frescor de uma psicanálise que ousa se repensar. Foi escrito por psicanalistas que se indagam sobre os avanços em seu tempo e mostram como as primeiras teorizações freudianas sobre as "neuroses atuais" podem ser renovadas para auxiliar na compreensão do mal-estar contemporâneo. Os temas abordados aqui tratam daquilo que resiste à simbolização. Sua leitura, portanto, nos lança no campo das marcas que reaparecem como corpos estranhos e dos excessos que transbordam, seja pela impossibilidade da tramitação psíquica ou pela ausência da via representacional. É o campo da invasão pulsional do eu e da descarga em ato, decorrentes do fracasso do recalque pr...
Este livro é uma coletânea de casos clínicos (patologias não neuróticas) acompanhados de uma discussão das modalidades de adoecimento psíquico e dos impasses encontrados na prática psicoterapêutica. A autora envolveu-se, ao longo de mais de duas décadas, na busca pelo entendimento do que inicialmente denominou “moradores em móvel mar” e que atualmente nomeia “povo do nevoeiro”. Prossegue, desde então, buscando saídas, modos de responder ao chamado ora de inaudíveis pedidos de ajuda, ora de gritos de dores lancinantes e agônicas e, ainda, de paradoxais comunicações em que a recusa à mudança se apresenta na forma de reação terapêutica negativa. Propõe, além diss...
Nas entrelinhas deste livro, o leitor encontrará a força do comprometimento ético de uma psicanalista cuja vida profissional tem sido dedicada a uma aposta no potencial do trabalho psicanalítico, tanto para reconhecer a presença do traumatismo sexual no psiquismo de crianças e adolescentes quanto para ajudar na reapropriação de uma posição subjetiva digna e capaz de favorecer a elaboração das vivências traumáticas. A sensibilidade e o engajamento político e social de Susana Toporosi, nossa parceira de pesquisas, podem ser vistos ainda na defesa daqueles adolescentes que carregam um excesso pulsional impossível de ser metabolizado, a não ser que recebam a devida escuta analítica. Cassandra Pereira França
Inteligência, erudição, graça, humor e elegância. Essas são as qualidades mais salientes da tese de doutorado que se transformou neste livro. Wilson Franco consegue, com grande habilidade, reunir e articular inúmeros aspectos da psicanálise em uma mesma e multifacetada pesquisa e reflexão: sua inserção histórica, sua dimensão cultural e política, nossas práticas clínicas e seus fundamentos metapsicológicos (como operam na mente do analista em sua práxis), e tudo isso de uma maneira ampla, engenhosa e perspicaz. Questões epistemológicas, éticas, clínicas e políticas da psicanálise são assim consideradas em uma obra sumamente instigante e convidativa. É com muito prazer e convicção que afirmo que a leitura desta obra proporciona expansão e renovação em nossa capacidade de pensar nossa inscrição e nossos lugares no mundo e na cultura. Luís Claudio Figueiredo
Apresento aqui um recorte pessoal e comentado da história dos conceitos de transferência e contratransferência. Situações clínicas ilustram as diferenças entre transferência neurótica e não neurótica, bem como o trabalho com as diversas formas de atualização do infantil e do arcaico.
Em dezembro de 2021, em plena vigência das limitações impostas pela pandemia da Covid-19 foi realizado, de forma virtual, o "Colóquio Internacional: a dimensão do extremo na vida subjetiva" com a participação de pesquisadores de universidades brasileiras e francesas. A partir dos desdobramentos dessas profícuas reflexões sobre a dimensão do extremo em psicanálise, nasceu este livro. A questão do transbordamento traumático, da vulnerabilidade psíquica na organização social, política e econômica contemporâneas, marca presença na escrita dos autores. Com esta obra pretende-se estimular a continuidade da investigação e do debate acerca das figuras do extremo na vida subjetiva, no plano individual e coletivo, visando a uma compreensão depurada sobre o problema do mal-estar na atualidade.
Esta coletânea é testemunha de um longo percurso pelos caminhos da psicanálise. Silvia, além de brilhante clínica e professora, é pesquisadora ímpar nessa área. Seus escritos têm o dom da experiência refletida à luz da sensibilidade, inteligência e erudição. Sua investigação percorre temas fundamentais para a contemporaneidade: a sexuação, o feminino e o pungente problema da desumanização, além de clássicos como a escuta, o tempo e a transmissão da psicanálise. O rigor no trato com a metapsicologia, tanto a que lhe embasa quanto a que produz, rendeu-lhe respeito em todo o campo psicanalítico brasileiro. Seu trabalho é uma inspiração para analistas das mais diversas orientações. Flávio Ferraz